segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"29 dos 77"


Despido das veste falsas, que por tanto tempo ostentadas com orgulho me serviram de abrigo, encontro-me nu dentro do escuro da alma. Por tanto tempo mergulhado em podridão e lama e crendo-me um superlativo do que nunca pretendi ser, restou-me ir deixando cada pedaço da alegoria que encarnei cair pelo caminho espinhoso que aceitei de bom grado. Junto com a fantasia ilusória, foram-me caindo também as certezas e a sanidade com força tal, que agora já nem sei mais de mim e só um alento de interesse mínimo me restou sobre tudo que me cerca. Nada mais sei, nada mais sou, a nada mais me prendo. O que era exclamação tornou-se interrogação, e só dúvidas permeiam a alma já tão cansada, já tão capenga mas, nunca derrotada. Perseverante, reúno forças para mergulhar no caos e, então, lapidar o diamante bruto que sempre tive nas mãos ignorantes do que fazer com ele. É dificil se achar num caminho de perdição. Talvez eu seja agora, como o Enforcado do tarot que, deixa cair os valores dos bolsos com prazer e resiliência, só pra perceber o mundo por outro ângulo, pra ver as coisas sobre uma perspectiva diferente de todo o resto. Talvez seja a minha encruzilhada e agora ou me perco me encontrando, ou me acho me perdendo. Tomara que sim.