segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"29 dos 77"


Despido das veste falsas, que por tanto tempo ostentadas com orgulho me serviram de abrigo, encontro-me nu dentro do escuro da alma. Por tanto tempo mergulhado em podridão e lama e crendo-me um superlativo do que nunca pretendi ser, restou-me ir deixando cada pedaço da alegoria que encarnei cair pelo caminho espinhoso que aceitei de bom grado. Junto com a fantasia ilusória, foram-me caindo também as certezas e a sanidade com força tal, que agora já nem sei mais de mim e só um alento de interesse mínimo me restou sobre tudo que me cerca. Nada mais sei, nada mais sou, a nada mais me prendo. O que era exclamação tornou-se interrogação, e só dúvidas permeiam a alma já tão cansada, já tão capenga mas, nunca derrotada. Perseverante, reúno forças para mergulhar no caos e, então, lapidar o diamante bruto que sempre tive nas mãos ignorantes do que fazer com ele. É dificil se achar num caminho de perdição. Talvez eu seja agora, como o Enforcado do tarot que, deixa cair os valores dos bolsos com prazer e resiliência, só pra perceber o mundo por outro ângulo, pra ver as coisas sobre uma perspectiva diferente de todo o resto. Talvez seja a minha encruzilhada e agora ou me perco me encontrando, ou me acho me perdendo. Tomara que sim.

sábado, 5 de novembro de 2011

"Será?"


Caminho para dentro da alma com a sensação torturante de estar sempre do lado de fora e, marginal, perco-me dentro de mim insanamente, nesse labirinto de carne, ossos e vísceras buscando algo que talvez eu nunca saiba o que é ou, ainda que saiba, jamais o entenda porque, conforme o tempo passa o que se sente cada vez mais em cada passo dado na solitária caminhada é fria dúvida que, certamente impulsiona dar outro passo e ir seguindo em frente, mesmo que o que se sinta é que à frente é caminho incerto que indubitavelmente levará ao caos e a destruição. Nessa busca alquimica pela pedra dos sábios, residente no âmago da ânima misturam-se dor e prazer, alegria e desespero, desejo e repulsa e de tão fina mistura nem se sabe mais diferenciar o que realmente sente do que deveria sentir. O Cansasso e o descaso, o abandonar de si próprio brilham tão sedutores agora...é o fim?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ego...


Mas há que se acabar com a tristeza, e o desapontamento, há de morrer o ego que insufla falsamente a destemida atitude inusitada e completamente despreparada diante da vida e das viradas da roda de Dama Fortuna. A fera mortalmente ferida há de morrer, desintegrar-se em resignação e paz de espirito, conforto absoluto incongruente com as mil facetas que lutam por dominação dentro de um mesmo Eu, um povoado de máscaras que jamais viu a verdadeira face do ser que as veste, o próprio ser jamais a viu, posto que o único espelho capaz de refletir a face esplendorosa esteve coberto por tanto tempo de densa neblina mundana, que agora é necessário muito trabalho pra reluzir a prateada superfície da ânima que exalta a face verdadeira do Um. Ter o gigantesco Ego ferido dói mas, dilacerante mesmo, é lutar contra essa faceta furiosa que tenta dominar todos os momentos! Não há ordália maior, nem luta mais cruel do que o enfrentamento de si mesmo para a depuração da nova carne! Possam as pedras no caminho serem dolorosamente reconfortantes e fortalecedoras pra que se reconheça humildemente o nada criador do tudo.

sábado, 13 de agosto de 2011

Prece Reflexiva...


Mas realmente não compreendo! Algumas coisas da vida são tão cinzentas e mortas que eu não consigo nem entender e nem perceber, seja porque os meus olhos foram feitos perfeitos pra ver o colorido e o vivo, ou porque minha mente sofre de dislexia diante de pessoas, situaçoes ou ações apagadas e miseráveis. Qualquer que seja o motivo, ele satisfaz muito bem os meus propósitos. Ser uma fogueira incontrolável, viva e quente me apraz mais que ser a chama de uma pequena vela que se abala e se apaga ao mínimo sopro. Os ventos maldizentes e incessantes me são combustivel na forja viva da carne. Possa o Deus permitir que assim seja agora e para sempre!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Paredes


Essa estranha condição humana que aprisiona tudo que sou, véu de carne limitante da alma que me despe da minha total potencialidade divina, feito um anjo capenga, decaído e derrotado. Um narciso de face ás águas ilúsórias que tentam convencer que sou somente aquilo que sofregamente se reflete na sua superfície, me afogando em meio às correntes que me amarram, seguram e apertam no que os outros chamam de corpo, mas que eu sinto paredes.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desejo

Quero olhar o vazio que me cerca e achar ele mais que confortável pra mim, quero perceber que tudo aquilo que vivi foi justamente aquilo que busquei viver, desejo abrir os olhos pra dentro e ver muito além do que está fora, percebendo que não sou mais nada do que um dia já fui e nem o que eu achei que ia ser...e me surpreender por estar melhor ainda que todas as possibilidades que tinha arquitetado. Temo chegar a algum obetivo e concluir qualquer acontecimento por que a vivencia e a batalha pra conseguir ou pelo menos buscar qualquer coisa é o que dá sentido á vida, não quero ser completo, mas quero buscar o alento de plenitude em mim, eu nao quero ser perfeito mas quero ir me destroçando pelo caminho na tentativa vã de chegar a isso. Quero ser o EU em toda sua magnificência.